Já falamos em reflexões anteriores sobre a importância do auto-conhecimento e desenvolvimento da auto-estima como preciosos instrumentos para a obtenção de saúde emocional e satisfação pessoal de todos os indivíduos.
Possuir auto-estima passa bem longe da ideia de ser uma pessoa vaidosa ou de cultivar o egoísmo, mas se trata sobretudo de desenvolver uma auto-defesa inclusive espiritual, e porque isso? Porque os espíritos infelizes buscam a vulnerabilidade do ser para suas finalidades perturbadoras.
Esse processo emocional da baixa auto-estima, nasce na primeira infância. Dizem os especialistas na área do estudo da psique humana, cuja afirmação também corresponde à visão espírita, que a reencarnação se concretiza aos sete anos de idade e que a vida adulta corresponde à um somatório de percepções e experiências de como a criança leu aquela experiência na sua vida.
É necessário ter cuidado com o que se permite uma criança ouvir e presenciar.
A saúde emocional do indivíduo depende muito das experiências vividas na infância e como isso foi processado e absorvido pela criança.
Porque certas coisas passadas na infância como bullying, violências, humilhações ou agresssões paternas físicas ou verbais, são trazidas para a fase adulta.
Por outro lado, sabemos que é o possível trabalhar a melhora da saúde emocional ressignificando às questões que envolvem o conceito que a criatura tem dela mesma.
É preciso reescrever essa história de vida, e para isso todos devem saber que são responsáveis pela própria vida em qualquer nível, porque o "coitadismo" de quem assume o papel de vítima, impede o indivíduo de crescer porque sempre estará transferindo para os outros a responsabilidade de sua própria vida, culpando sempre alguém pelos seus sofrimentos e mazelas, quando na verdade, absolutamente tudo que acontece na vida de uma pessoa são causadas por ela mesma, Pois o que não causamos nesta vida, causamos sem dúvida nenhuma, em vidas passadas, isso é fato. Portanto não existem vítimas. Tudo na vida é causa e consequência. A vida é ressonância.
Todos nascem no local, família, corpo e condições exatas e necessárias para sua experiência nesta vida e para sua evolução espiritual e pessoal. Portanto, não há vítimas, é necessário fazer o melhor possível com as condições que possui, pois para isso todos reencarnam, para o aprendizado e evolução.
Não é possível compreender por exemplo os porquês de relacionamentos difíceis entre pais e filhos, a atitude ruim de alguns pais para com os filhos, a animosidade ou abandono, sem volvermos à vidas passadas.
Porque no mais das vezes, esses relacionamentos difíceis são frutos de experiências em vidas passadas que precisam ser reparadas, por erros cometidos e inimizades criadas, gerando compromissos que precisam ser assumidos e resolvidos, e fugir disso significa apenas adiar um problema.
A atitude de negação faz com que departamentos seletivos da mente humana bloqueiem automaticamente muitas das ações desagradáveis que são transferidas para o inconsciente mesmo antes de analisadas devidamente, daí surgem os mecanismos de transferência de responsabilidade, e transferência psicológica. Por isso costuma-se culpar os outros pelos sofrimentos e dificuldades que se experimenta na vida.
É normal que ocorram algumas fugas psicológicas no dia a dia da existência humana, de forma a consciência apagar momentaneamente certas informações ruins recebidas pela mídia, noticiários e conversas muitas vezes nada edificantes, e partir para comportamentos mais saudáveis, isso é normal.
Mas criar o hábito de sempre fugir de responsabilidades e deveres que parecem insuportáveis, o hábito de culpar os outros, conduz a pessoa a uma falsa comodidade de uma atitude leviana e infantil, porque todos os seres humanos existem para realizar alguma coisa, nascemos para reparar erros do passado e para o crescimento interior, porque estamos todos submetidos à maior Lei de Deus que é a Lei do Progresso e do Amor.
Essa imaturidade emocional faz com que se perca o interesse pela real finalidade da vida, porém ignorar a responsabilidade com a própria vida, não exime ninguém de ter que assumir a própria existência, ao contrário, apenas transfere esse enfrentamento, causando mais sofrimento e conflitos.
A baixa auto-estima acontece quando a própria pessoa, tendo em vista o hábito de evitar esforços na vida, passa a se sentir incapaz.
Neste aspecto, Joanna De Ângelis nos esclarece em sua obra Conflitos Existenciais:
"...Do ponto de vista psicológico, o próprio indivíduo perde a auto-estima e considera-se incapacitado para quaisquer realizações que lhe exijam esforço, acostumado conforme se encontra, a desistir diante de qualquer mobilização de forças físicas, morais ou intelectuais, frustrando-se permanentemente e gerando em si complexo de inferioridade e carência afetiva, acreditando não ser amado, acumulando mágoas e dissabores injustificáveis...".
Porém a ressignificação é posssível, e deve ser realizada como recurso libertador, mas tem que partir da pessoa, a vontade de mudar e de não assumir o papel de vítima.
No entanto, não é preciso se culpar, é preciso sim, desenvolver a auto-suficiência de quem toma para si a direção e responsabilidade da própria vida, e procurar reconstruir pensamentos e lembranças do passado de uma forma madura, inteligente, compreendendo que hoje não é mais aquela criança que precisa de colo, mas um ser adulto e bem diferente do que foi na infância.
TERAPIA LIBERTADORA
Primeiramente, como em todos os casos de conflitos da emoção, é necessário o reconhecimento do problema em si mesmo, a negação impede a solução do conflito.
Em segundo lugar, é preciso se conscientizar do próprio posicionamento na vida, para evitar, como comentamos anteriormente, o vitimismo.
É preciso perdoar a si mesmo e aos outros que porventura tenham agido mal com você no passado, compreendendo que todos estão sujeitos à erros e todos têm defeitos, porque o ser humano está em construção ainda, todos estão na Terra para aprendizado e evolução.
Então é imprenscindível o reconhecimento da função reparadora da existência do ser humano no Mundo, definitivamente é preciso aceitar que todos estão aqui para se refazer de erros de vidas passadas e para o progresso individual.
Em terceiro lugar, é preciso reescrever, ressignificar a própria história de vida, e para isso é necessário a auto-análise e alguns questionamentos são importantes, partindo do princípio que auto estima está ligada a
somatória de como o indivíduo se percebe, como se vê, como se sente e mais como se mostra para os outros.
A fim de se trabalhar essas questões é necessário que se faça algumas perguntas individuais e que devem ser respondidas com bastante sinceridade e objetividade: Qual conceito você tem sobre você mesmo? Como você acha que você é? Você se acha uma boa pessoa? Você se acha alguém justo? Honesto, interessante ? E veja se há verdade em sua auto análise.
Depois se pergunte: qual a percepção que as pessoas têm de você? e diante disso, você gosta da forma como as outras pessoas lhe percebem?
Depois se pergunte qual a imagem que você quer passar para os outros, de vítima ou de auto-suficiente total que não precisa de ninguém?
Será que o melhor não seria ter o meio termo, desenvolver a auto-suficiência de quem toma para si a direção e responsabilidade da própria vida, mas sem dispensar o concurso saudável e feliz do relacionamento com as pessoas, imprescindível para a saúde emocional e felicidade?
Analise se você dá muita importância para o que os outros pensam sobre você. Se isso chega a lhe perturbar, é porquê há um desequilíbrio entre o que você é, o que você passa que é, e o que as pessoas percebem de você.
Quando a pessoa não está nela, naquilo que de fato ela é, a vida vira uma confusão e a pessoa nem consegue passar para os outros aquilo que deseja, que precisa.
Muitas vezes as pessoas interpretam mal aquilo que o indivíduo diz e isso muitas das vezes ocorre porque a pessoa não está nela, na dimensão precisa do que de fato ela é. Isso é muito sério.
É preciso intensificar, afirmar o que somos, daí tudo se torna mais perceptível. Não se deve nunca se permitir influenciar por padrões sociais, família, religião, etc.
Não se pode se submeter à certas coisas que não são boas para si mesmo, à fim de agradar as pessoas e obter aceitação alheia.
É preciso trabalhar incessantemente para romper com as barreiras dos sentimentos ruins sentidos no passado, reescrevendo a história da vida de uma maneira mais branda, alegre e positiva, procurando desenvolver e reconhecer os dons e qualidades que possui, sendo uma pessoa agradável, solidária, apreciando-se e respeitando-se, tendo a certeza de que as demais pessoas irão reconhecer também os seus valores, porque as pessoas tendem a se aproximar e desenvolver amizade por aqueles que se mostram alegres, empáticos e que são participativos e solidários.
No entanto, relativamente às características pessoais, todos devem ser quem são, independente das reações alheias, e para isso é necessário a auto-percepção que só pode ser alcançada através do auto-conhecimento.
Por isso é preciso descobrir o que incomoda, judia e dessa forma trabalhar para mudar, ressignificar esses sentimentos, à fim de ser o que quer ser, e isso significa dizer que a pessoa passará a relembrar fatos ocorridos no passado e que lhe causaram dor, angústia, medo, vergonha, tristeza e outros sentimentos Ruins, vendo e sentindo àqueles fatos de maneira mais inteligente e sem tanto valor, uma vez que o que realmente importa é a pessoa que se tornou hoje, por isso que é importante desenvolver
serenidade, coragem e força de vontade para os enfrentamentos dos desafios da existência, bem como de valores ético-morais e espirituais e todas as capacidades que individualmente possui, à fim de que se auto-reconheça como uma pessoa valorosa que se ama e aprecia.
Então é preciso ter lucidez para com a vida e assumir a responsabilidade pelos acontecimentos da existência, trazendo para si a tarefa de auto-transformação.
E em quarto lugar, para ressignificar a própria histótia de vida, é imprescindível desenvolver uma vontade forte e inabalável, de desejo de mudança e melhora, reunindo força, coragem e predisposição para criar novos hábitos de vida, através de pequenos exercícios de afirmação da personalidade
e do autodescobrimento dos valores adormecidos que todos temos, valores de bondade, solidariedade, auto-suficiência, compaixão e outros.
Porque a repetição se torna hábito, e isso é uma terapia maravilhosa porque incentiva cada vez mais à novas descobertas que felicitam, diluindo pouco a pouco o complexo de inferioridade e a culpa perturbadora que vem de vidas anteriores, e a autoconfiança se estabelece.
Spinoza afirmou no seu tratado sobre a Ética, que a emoção que é sofrimento deixa de sê-lo no momento em que dela formarmos uma idéia clara e nítida.
Portanto é preciso compreender que as situações vivenciadas na fase infantil ocorreram mas as emoções trazidas para a fase adulta precisam ser digeridas e modificadas através de uma ressignificação madura e consciente, de quem compreende que tudo que vivenciou foram lições necessárias que servem para o adiantamento e evolução espiritual.
#A necessidade de enfrentamento faz parte da existência humana, à fim de não interromper o processo de crescimento interior e espiritual, dando lugar à transtornos de comportamento que afligem e infelicitam o ser humano.
Geralmente o auto-amor leva a pessoa a se cuidar, ser sempre alegre, gentil e grata, e além de atrair as pessoas, atrai também o concurso dos bons espíritos, que estando perto ajudam influenciando ao bem e fortalecendo a pessoa em seus propósitos de libertação.
O que é altamente recomendável a todos: Trabalhar cuidando de si, de seus hábitos, à fim de se amar e se transformar na pessoa que deseja ser.
Encerro a reflexão com uma fala do espírito Joanna De Ângelis que diz o seguinte:
"...a prática das boas ações oferece encorajamento para melhores realizações nos relacionamentos, sempre quando alguém se predispõe a auxiliar, experimenta forte empatia que resulta em contínuas descargas de hormônios do humor que estimulam cada vez mais à novas realizações boas assim como bloqueia os temores infundados...".
#Ainda diz que "... quando surge essa disposição real para superar as fugas psicológicas, desenvolvem-se os bons sentimentos íntimos, proporcionando bem-estar e alegria de viver...", "...a culpa transforma-se em auto-perdão, o medo torna-se estímulo para o avanço e melhora e as incertezas transformam-se em convicções em torno da própria vitória: a saúde integral..."
Então é importante viver bem com todas as criaturas, ter respeito por todos, porém sabendo dosar a forma e intensidade da convivência, bem como sabendo filtrar as influências dos outros, à fim de não se deixar contaminar pelos gostos, opiniões, problemas e desequilíbrios alheios.
Então vamos trabalhar para transformar nossas vidas num palco de alegria, auto-amor e contentamento de ser e existir.