terça-feira, 13 de março de 2018

                                                        RESSENTIMENTO

A necessidade do Poder é fator primordial para a auto-realização humana, para o desenvolvimento da inteligência e da vontade. É inerente ao ser humano como herança atávica de sua evolução animal e sob esse ponto de vista, o poder constitui motivo essencial da existência humana na busca de seu bem estar, da sua felicidade.
Porém essa necessidade de poder quando não é resolvida de maneira equilibrada pode gerar inúmeros conflitos.
Seguindo essa diretriz de pensamento, toda vez que o indivíduo se sente frustrado em suas ambições, sente seu ego atingido, desenvolvendo dessa forma, sentimentos de ódio, rancor e ressentimento
Como ocorre na frustração sexual, comparando desde os primórdios, o animal macho rejeitado ou não aceito pela fêmea, desenvolvia sentimento de inferioridade e abandono e reagia com agressividade e violência tendo em vista o  ressentimento desenvolvido.
Da mesma forma o indivíduo atual, quando frustrado afetiva e sexualmente, sente-se fracassado na possibilidade de manipulação de outrem e ressentido, tem desejo de vingança por aquela criatura que ora  representa seu opositor, desejando-lhe muitas vezes o sofrimento e a dor. Esse sentimento é resquício da herança animal humana e deve ser combatido.
Considera-se normal o sentimento de aflição e mágoa passageira diante de alguma ofensa, porém esse sentimento não deve se estender a tornar-se ressentimento tendo em vista que caracteriza imaturidade psicológica do indivíduo. 
Dessa forma, quando a emoção é fixada em algum instinto básico gera sofrimento,  desequilíbrios e distúrbios de toda sorte, emocionais e físicos tais como: 
a)depressão pela amargura que tira a vontade de viver pelo sentimento de vitimismo onde a culpa que perturba sempre é transferida para outrem;
b)desenvolvimento de complexos, dentre eles o de inferioridade onde não conseguem amar e nem ser amados (tendo em vista a falta de amor próprio);
c)obsessões espirituais, tendo em vista a amargura cultivada, bem como a neurose e fixação mental que não lhes permite esforçar-se no reconhecimento da responsabilidade em superar os conflitos e através de hipnose lhe são  imprimidas  ideias de vitimismo, aumentando os desequilíbrios;
d) diminuição da imunidade e defesas do organismo pelas altas cargas de descompensação emocional que o sistema nervoso central  tem dificuldade em administrar.
Ocorre que por outro lado, existem em a natureza humana a bondade intrínseca, a herança da evolução superior, sentimentos de elevação moral, justiça, generosidade, amor fraternal.
A Psicologia Positiva deu novo enfoque ao sentimento de Poder humano, que seria a conquista interior do prazer de realizar-se superando suas heranças do primarismo, se auto-iluminando, superando as paixões e dando verdadeiros sentido à existência através do amadurecimento do amor e da bondade inerente à todo indivíduo desde a sua criação, superando assim o vazio existencial que são frutos do tédio e da insatisfação que devem ser vencidos  pelo amadurecimento psicológico através da manifestação do amor e da bondade que resultarão no bem estar e alegria de viver dando verdadeiro significado á existência humana. 
Tudo isso substituindo à necessidade da conquista dos "outros" pelo desejo do poder gerado pelo instinto animal. 
Spinoza em seu tratado de ética, afirmou que a emoção deixa de causar sofrimento quando dela se forma uma ideia nítida e clara, devendo-se racionalizar as ocorrências facilitando dessa forma a superação da dor.
Essa nova visão da Psicologia Positiva, contrariando a Psicologia negativa freudiana, enseja uma conduta mais otimista ao ser humano. Todos os seus argumentos são profundamente humanistas, ensejando uma visão de felicidade no destino da criatura, estimulando-a a desenvolver as forças psicológicas dos sentimentos bons e virtuosos.
Diz que o ser em si mesmo não é maldoso, a maldade é resultado de um processo evolutivo, é um estado a ser combatido através do altruísmo, bondade, moralidade e cooperação com as demais criaturas do mundo e para isto basta que o paciente se predisponha à reflexão, à mudança de comportamento mental e emocional.
Sobretudo deve-se compreender que ninguém ataca ou fere outrem se não estiver em grande desarmonia consigo mesmo, sendo dessa forma, o agressor merece piedade e compreensão, através do exercício do amor e da piedade.  
Dessa forma, desfaz-se a necessidade emocional de ferir por ressentimento, visto que esse não mais existirá.
Dessa forma, o indivíduo passa a sentir a alegria e o prazer de amar sem necessitar algo em troca, que nada mais é do que o exercício do amor fraternal, universal, que constituí o objetivo e fundamento da existência humana.
Em última hipótese, se o indivíduo não conseguir se libertar do ressentimento através desse exercício de mudança mental e desenvolvimento do amor e compaixão, precisará ser submetido a psicoterapia  bem como à tratamento de desobsessão espiritual, se for esse o caso, para não se converter em processo irreversível, porém ainda assim, há a necessidade de desejo de mudança e melhora pelo paciente.
Deus ajudará aquele que se ajudar também. 
Paz e Luz.