quarta-feira, 6 de novembro de 2013

                                                                 O EGO E O SELF 
                                                                    O SI MESMO

O Ego e o Self são mecanismos que fazem parte da estrutura da personalidade humana analisadas de forma especial pela terapia analítica e constituem elementos de muita importância para o estudo e compreensão da psique humana que iremos utilizar especialmente em abordagem futura sobre o auto-conhecimento que constitui ferramenta indispensável para a auto-iluminação e felicidade humana.

O Ego  psicologicamente falando,  visa a totalidade da consciência e é formado pela percepção geral de nosso corpo e existência e a seguir pelo registro de nossa memória. Seria também a  percepção e consciência  de nossa existência na sociedade.

O Ego na realidade é a  parte mais grotesca e  instintiva do indivíduo. Viver a vida do Ego é como vivenciar o lado ruim do ser, com seus defeitos, egoísmos, desinteresse pelos outros, etc.. O Ego impede que os conteúdos inconscientes passem para o campo da consciência, o que é essencial para o desenvolvimento humano, portanto, visto por esse ponto de vista, entregar-se ao domínio do ego é prejudicial para  e crescimento pessoal e bem estar.

O Self em psicologia é a representação cognitiva e efetiva da identidade do sujeito da experiência,   é o centro que abrange o consciente e o inconsciente, é o centro da mente consciente, é o centro de toda personalidade, dele emana todo o potencial energético de que a psique humana dispõe.

É o  si mesmo que segundo Jung faz com que o indivíduo se torne um ser único, um si mesmo próprio, é um processo através do qual o ser evolui de um estado infantil de identificação para um estado maior de diferenciação, o que implica na ampliação da consciência.
O Ser passa a ter maior orientação individual por si mesmo e menor identificação com as condutas e valores encorajados pelo meio no qual se encontra.
Isso significa a totalização da personalidade do indivíduo, é um processo pelo qual o ser chega ao AUTO-CONHECIMENTO e é levado a estabelecer contato com o seu inconsciente pessoal integrando à sua personalidade as chamadas SOMBRAS(núcleo do material que foi reprimido da consciência, tendências, desejos, memórias e experiências que são rejeitadas pelo indivíduo como incompatíveis com as diversas máscaras utilizadas por ele em sociedade  e contrários ao padrões e ideais sociais).

Ainda segundo Carl Jung, a interação permanente entre o Ego e o Self envolvendo um processo contínuo de referência Ego-Self, expressa-se na individualidade da vida de uma pessoa. Se apresenta como um projeto desde o início da vida, é o modelo do ser humano completo, a matriz de todo o progresso do ser, o padrão segundo o qual se desenvolvem as características de individualidade de cada pessoa.



Joanna D'Ângelis se refere ao Self como o despertar do ser do estado de instinto para um estado mais evoluído, onde pelo uso da razão, faz escolhas, opta pelo melhor, pelo não abandono de si mesmo, por aspirações mais enobrecedoras, pela  beleza e espiritualidade.

Segundo Joanna, na obra Conflitos Existenciais...."Esse Self, quando coerente e saudável, recusa-se ao abandono que o indivíduo em transtorno de comportamento se permite, quando o Ego encontra-se atormentado e instável. É a sua faculdade de optar, de discernir, que irá trabalhar pela recuperação das suas potências e da sua realidade, avançando para o estágio de numinoso....",.."Vitimado em si mesmo, o indivíduo que perdeu o contato com o self, exaure-se no ego exigente e pouco gratificante, preocupando-se em ser espelho que reflete outras pessoas, suas opiniões, seus aplausos, suas desmedidas ambições. Aumenta-lhe a necessidade psicológica de esconder os sentimentos e exibir as aparências(máscaras), sobrecarregando as emoções com desaires e amarguras"........"Faz-se um abismo entre o self e o ego que mais se afastam um do outro, concedendo espaço para a desintegração da personalidade, para a esquizofrenia"..."Na atualidade, a causa principal dos conflitos como solidão, ansiedade e medo é a falta de metas, de objetivos que assalta a consciência, dando lugar a indivíduos psicologicamente vazios.
O excesso de tempo, resultado da máquina que o ajuda nas atividades habituais, faculta-lhe a corrida para a comunicação virtual, as intermináveis horas de buscas na Internet, os encontros românticos de personalidades neuróticas e medrosas, estabelecendo perspectivas mais angustiosas, por se tratar de pessoas frustradas e inseguras, refugiadas em frente da tela do computador, procurando a ilusão de seres ideais incorruptíveis, maravilhosos. Depois vem a decepção pois as personalidades foram fantasiadas, dai parte-se para novas fugas. Dessa forma no estágio de autoconsciência, não se podem vivenciar estados vazios, manter vácuos interiores, perdendo o endereço da meta e entregando-se a estados depressivos aqui narrados..."

Vemos aqui que as afirmações de Joanna D'Ângelis corroboram e reafirmam  de maneira muito clara a questão da necessidade de interação permanente entre o ego e o self afirmada pela terapia Junguiana como necessidade para o processo de individuação e desenvolvimento da personalidade humana.

Vemos aqui que mergulhar em aparências para agradar aos outros provoca a perda da própria identidade, há necessidade do contato do self porque o ego preocupa-se em ser espelho que reflete as outras pessoas, opiniões alheias, modismos , etc. Essa necessidade de esconder o verdadeiro sentimento e exibir aparências estressa e amargura.

Satisfazer a sociedade não preenche o vazio existencial, os espaços tomados pelas incertezas e angústias. Por outro lado, a indiferença pelas demais criaturas também leva ao sentimento de inutilidade pessoal reforçando o vazio existencial. Isso leva a sentimento de inferioridade, conflitos sexuais, culpa, ansiedade e também ausência  de ideais que são totalmente necessários para a satisfação e realização pessoal.

Não adianta a aparência corresponder aos padrões sociais por exigência do ego, é necessário deixar de se orientar pelo instinto,  se faz necessário orienta-se  pela consciência.

Aqui fizemos uma pequena abordagem sobre a questão ego e self para mais adiante falarmos sobre a realização da autoconsciência, sobre as terapias libertadoras, sobre a maravilhosa realização do auto-conhecimento que é a mesma coisa que o processo de individuação trazido para nós através da terapia analítica de Jung.

 Eliane.