terça-feira, 29 de abril de 2014

AUTO-CONHECIMENTO


                                                             AUTO-CONHECIMENTO
                           CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA FALTA DE CONSCIENTIZAÇÃO

Santo Agostinho já nos recomendava o auto-conhecimento à muito tempo atrás, como sendo o remédio para a felicidade, "....Queres alcançar a felicidade, conhece-te a ti mesmo"...

Da mesma forma, o Livro dos Espíritos diz em resposta à questão 919. Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal? "Um sábio da antiguidade vô-lo disse: Conhece-te a ti mesmo."

Tendo em vista a situação atual do Planeta com toda a conturbação que nos cerca, tumultos e as ambições de cada indivíduo, a vida dos seres encontra-se caracterizada pelos conflitos psicológicos dificultando a harmonização interior necessária para o bem estar íntimo e bom relacionamento com o próximo.

Há que se frizar também que vivemos em tempos de violência, e catástrofes de todos os tipos, caracterizando também a fase de transição planetária em que nos encontramos e  instaurando insegurança e medo na maioria dos indivíduos juntamente com o sentimento de inferioridade, insatisfação e ansiedade.

Adiciona-se a tudo isso, a culpa ancestral que acompanha todos os seres e que deriva de erros e equívocos cometidos em experiências de vidas passadas e que ficam arquivadas no fundo da alma causando também diversos tipos de transtornos, complexo de inferioridade e medos.

Por outro lados  temos as questões sexuais como causas muito importantes dos conflitos humanos e em relação à isso,  Freud já dizia em seu tempo que a principal causa dos conflitos humanos tinha origem na sexualidade mal trabalhada, na dificuldade em aceitar o lado sexual e instintivo da vida tendo em vista os tabus e preconceitos da época.

Podemos dizer que na antiguidade, muitas uniões afetivas se davam mais por costumes e pactos de família tendo em vista os preconceitos da época e a dificuldade de encontrar-se parceiros sexuais para satisfazer as fantasias sexuais e afetivas íntimas.

Hoje pode-se dizer que a imaturidade e a infância emocional(a ligação muito forte e infantil aos laços maternos principalmente) conduz o indivíduo a atitudes imediatistas, hoje em dia o sexo é mais um modismo da sociedade moderna que se considera liberta dos tabus do passado do que uma forma de expressar os sentimentos e trabalhar a ansiedade, onde procura completar-se através da realização sexual que no mais das vezes não se aprofunda porque é caracterizada mais por transferência psicológica e objeto de projeção social do que por amor verdadeiro.

Esses tipos de relacionamentos não se baseiam na afeição verdadeira que se expressa na forma de compreensão, aceitação do outro como se apresenta. Na paixão, sempre existem os componentes da dominação, do ciúme, da insegurança, do desespero , enquanto que no amor, todo sentimento se enriquece de paz e alegria, construindo o futuro a dois, sem perda da identidade nem da personalidade de qualquer um dos parceiros.

Certamente que ditas atitudes são tomadas no mais das vezes por desconhecimento da própria estrutura sexual e psíquica íntima e por falta de autoconhecimento, dai percebe-se uma variedade imensa de desequilíbrios onde se busca no outro aquilo que falta em si mesmo, caracterizando dessa forma as fugas, as transferências psicológicas, a negação de si mesmo etc. sem a menor harmonia interior e as decepções de relacionamentos insatisfatórios somente levam os indivíduos às fugas espetaculares pelos mais diversos vícios, pela depressão, pelo vazio existencial.

Sexo sem sentimento frustra e leva à fugas das mais diversas.

Vejamos então as teses da ciência e do espiritismo acerca da questão da sexualidade humana cuja influência no comportamento humano é de grande importância:

A terapia analítica se baseia no equilíbrio entre os opostos, estando dessa forma em plena concordância com a tese espírita kardecista que propõe que a individualidade humana é composta de energia masculina e feminina de modo que a destinação do ser caminha para o equilíbrio dessas duas energias a fim de que  torne-se completo.

Já foi feita aqui no blog uma bordagem científica referente à tese Junguiana sobre o Anima, que é o conteúdo psicológico correspondente à porção feminina no homem e o animus que corresponde ao conteúdo psicológico masculino na mulher e que são estruturas da psique humana que constituem equipamentos necessários para o ser alcançar as camadas mais profundas e inconscientes da psique (personalidade total). Esses elementos são portanto intermediários entre o consciente e o inconsciente.
O anima e o animus devidamente reconhecidos e integrados ao Ego contribuirão para a maturidade do psiquismo.

O anima e animus quando não reconhecidos pela indivíduo provocam alterações comportamentais negativas e desequilíbrios.


Joanna D'Ângelis na obra "lições para a felicidade" comenta".....Incompleto, por não saber integrar os seus conteúdos psicológicos da anima à sua masculinidade e do animus à sua feminilidade, conseguindo a realização da obra-prima que lhe deve constituir meta, o ser humano deixa-se arrastar pelas imposições de um em detrimento do outro, afligindo-se sem saber por qual motivo. Procura, então, agônico e insatisfeito, a recuperação na variedade dos prazeres, identificando-se mais confuso, a um passo de transtorno sempre mais grave, qual ocorre a todo instante no organismo social e nos relacionamentos interpessoais. A sombra governa-o e ele recusa-se à luz da libertação........".

Atualmente percebe-se que além dos conflitos sexuais que são preponderantemente uma grande causa dos conflitos emocionais e psicológicos humanos, também o vazio existencial constitui a causa de transtornos diversos na alma e na psique humana pela falta de objetivos essenciais e nobres na vida.

Todo ser é dotado de individualidade, cada ser é único e possue características e potencialidades próprias que necessitam ser descobertas e reforçadas em si mesmo. Porém no mais das vezes essas características peculiares e importantes da personalidade humana estão alojadas em áreas do inconsciente cujo acesso ainda não foi feito pelo indivíduo. Essas áreas não foram ainda acessadas, de forma que o próprio indivíduo ignora suas próprias características, potencialidades, vontades verdadeiras porque não consegue incorporar o conteúdo das diversas áreas do inconsciente para consciente.

Existem áreas da consciência humana que fazem parte da psique como por exemplo, o inconsciente coletivo, que é a camada mais profunda da psique, onde ficam alojados conteúdos que não são originários do próprio indivíduo nessa vida, mas sim de influências ancestrais e também do meio em que se vive, materiais herdados da Humanidade. É nessa camada que existem os traços funcionais comuns a todos os seres humanos e prontos para serem concretizados através de experiências reais como o ato de se alimentar por exemplo, tornar-se agressivo ou lidar com a agressão dos outros, etc. O Anima e o Animus  são estruturas da psique chamados arquétipos que se alojam nessa área do inconsciente e portanto não são experiências vividas necessariamente pelo indivíduo nessa vida. São conteúdos que podem por exemplo, ter sido herdados dos pais ou de vidas passadas. Esses conteúdos necessitam ser incorporados ao consciente à fim de se alcançar o equilíbrio psicológico.

Existe outro elemento arquétipo que também faz parte do inconsciente denominado "Persona". O termo deriva da palavra latina máscara usada por atores na época clássica para dar significado aos papéis que estavam representando. Através a persona nos relacionamos com os outros, inclui nossos papéis sociais, exemplo: tipo de roupa que usamos, estilo de expressão pessoal, etc.

Já o inconsciente pessoal  é a camada mais próxima da consciência. A "Sombra" é o elemento que é o centro do inconsciente pessoal , o núcleo do material que foi reprimido pela consciência em dado momento do desenvolvimento da personalidade por se achar incompatível com a Persona e contrário aos padrões sociais. Apesar de ser uma área mais próxima à consciência, não houve produção de carga energética suficiente para esse conteúdo emergir para a consciência, por isso esse material se alojou nessa área da psique. Representa a sombra, tudo aquilo que o indivíduo considera inferior em sua personalidade e também tudo aquilo que foi por ele negligenciado e não desenvolvido. Se o material da Sombra for trazido à consciência, ele perde muito de sua natureza de medo, de desconhecido e de escuridão.

Dessa forma podemos concluir que certas  atitudes e sentimentos conflituosos que o indivíduo experimenta podem ser consequência da utilização de "máscaras" tendo em vista possuir uma persona muito forte que impulsiona o ser a negar suas características individuais, de forma a reprimi-las e aloja-las no  inconsciente,  levando o mesmo a agir de acordo com as regras, preconceitos e opiniões da sociedade, do modo como foi criado, etc.. por isso existe uma certa tendência a agir de acordo com os ditames da sociedade bem como se espelhar em opiniões alheias muitas das vezes indo de contra à natureza individual própria, refletindo em atitudes que não são autênticas e verdadeiras tendo em vista o desconhecimento da própria e verdadeira personalidade levando o indivíduo a utilização dessas máscaras a fim de satisfazer o ego e o meio em que vive.

Mergulhar em aparências (máscaras) para agradar aos outros conduz à perda da própria identidade, à frustração e ao vazio existencial.
Desta forma o ser procura suprir esse vazio existencial e frustração pela realização pessoal externa , através de aquisições e conquistas materiais e afetivas onde mais se cansa do que se realiza verdadeiramente, descambando para toda a espécie de fuga, como drogas, álcool, sexo, e toda espécie de desvarios que constituem a ordem do dia.
Dai, esse comportamento se torna uma "bola de neve" onde a pessoa nunca se satisfaz e desperta novamente no mesmo estado de frustração , descontentamento e vazio existencial.

A sombra que condiciona o ser ao aceito e determinismo da sociedade ameaça-o de sofrimento caso busque iluminar o seu lado escuro que lhe permitiria a auto-identificação que se encarregaria de libertá-lo das aflições e conflitos de comportamento que são heranças ancestrais nele prevalentes e mais o conteúdo do inconsciente que o indivíduo não conseguiu integrar ao consciente. Por isso a maioria dos indivíduos preferem continuar no estado que se encontram para evitar o sofrimento que é consequência natural da mudança de comportamento, ou seja, optam pelo comodismo.

O material reprimido da consciência e alojado na "sombra" forma um Self negativo e isso é perigoso quando é desconhecido pelo seu portador, nesse caso o indivíduo é tende a projetar suas qualidades indesejáveis em outras pessoas ou a deixar-se dominar pela sombra sem o perceber.  É necessário realizar a identificação entre o Self (centro da mente consciente, abrange o consciente e o inconsciente,é o si mesmo) e o Ego(percepção da existência inclusive física, registro das memórias, inclui as exigências da sociedade) a fim de preencher o vazio existencial, os espaços afligentes do mundo interior tomados pelas incertezas e angústias, nunca atirando-se ao desprezo, ao abandono de si mesmo, ao vazio interior. À media que a sombra se faz consciente,o indivíduo recupera partes reprimidas de si mesmo.

Todo indivíduo deve entender que a supremacia do Ego sobre o Self significa deixar se levar pelo automatismo biológico em detrimento do encontro consigo mesmo representado pelo Self. Quebrar esse automatismo significa fazer uma interação permanente entre o Ego e o Self e expressa-se na individuação da vida de uma pessoa e é um projeto desde o início da vida, é o modelo do ser humano completo, a matriz de todo o progresso do ser. O padrão segundo o qual se desenvolvem as características de individualidade de cada ser. O individuo não pode se deixar arrastar por automatismo e instintos, necessita se transformar em um ser pensante pois que para isso foi criado. Dessa forma, o Ego passa a se integrar ao Self devido ao processo de compreensão e aceitação dos processos inconscientes.

O indivíduo deve descobrir a finalidade de sua existência e necessita quebrar o abismo entre o Self e o Ego pois o afastamento um do outro dá espaço para a desintegração da personalidade, para a esquisofrenia

Também o sentimento de inferioridade, a dificuldade do enfrentamento dos desafios e problemas da vida, a falta de metas e de objetivos nobres assaltam as consciências, dando lugar a indivíduos psicologicamente vazios e mais a indiferença pelas demais criaturas que dão lugar na alma ao sentimentos de inutilidade pessoal.  Em suma, a falta de FRATERNIDADE.

Certamente que a libertação desses estados conflitivos e perturbadores, seja quais forem as causas, seja pela conturbação da vida no mundo atual, culpa ancestral, conflitos sexuais, imaturidade e infância emocional, vazio existencial pela falta de ideais e objetivos na vida, ou ainda por não saber como fazer e consequentemente não integrar o conteúdo do inconsciente para o consciente, todos esses estados conflitivos só podem ser resolvidos através da autoconsciência, onde o ser  pode se libertar do passado negativo, da infância difícil, dos pais arbitrários, das reencarnações passadas difíceis e  mal trabalhadas, etc.. 
                                                          
                                                     TERAPIA LIBERTADORA

O Ser humano é dotado de muitas potencialidades que estão adormecidas, as leis naturais Divinas , assim como o certo e o errado estão gravados na consciência humana e não se faz necessário se basear em opiniões alheias para saber distinguir essas coisas. O objetivo essencial da vida humana é facultar ao ser o desenvolvimento de todas as suas potencialidades adormecidas tornando-o uma individualidade que pensa. Esse processo não é automático como ocorre com os seres vegetal e animal, mas depende de escolhas, lucidez , das aspirações e dos esforços empreendidos que são resultados das conquistas de experiências de vidas passadas e das adquiridas nessa presente existência.

Há que se considerar que a psicologia analítica tem como proposta tornar o indivíduo um si mesmo próprio, um ser único, através da ampliação da consciência humana, onde o ser é levado a estabelecer contato com seus inconsciente e evolui de um estado infantil de identificação para um estado de  maior diferenciação, onde passa a ter maior orientação individual por si mesmo e menor identificação com as condutas e valores encorajados pelo meio no qual se encontra.

Como foi falado anteriormente,  a mente humana é composta de várias camadas desde o inconsciente mais profundo até a consciência plena, de forma que para alcançar o auto-conhecimento se faz necessário descobrir elementos e características pessoais alojadas no inconsciente mais profundo e por energia naquilo que for positivo a fim de trazer esse conteúdo para o consciente.

No processo de individuação, o ser é levado a estabelecer contato com o seu inconsciente pessoal e também com o inconsciente coletivo, integrando ao consciente às chamadas "sombras", que é o centro do inconsciente, o núcleo de todo material que foi reprimido da consciência pelo indivíduo por ser incompatível com a sociedade, inclui tendências pessoais, desejos, memórias, experiências , etc.

Nessa integração o que se faz é sempre a separação do que é consciente daquilo que não é e dessa forma é que se chega ao auto conhecimento. 

Certamente que a libertação dos conflitos existenciais é possível na medida em que o indivíduo passa a não se deixar dominar pelo seu lado mais instintivo, mas sim passa a tornar-se cada vez mais consciente, é deixar o lado animal para se tornar mais racional, é abstrair e considerar o bom , o ético, o nobre, o belo, onde procura fazer escolhas melhores e a separar o que é positivo do que é negativo para si mesmo, afastando de si o que é grosseiro, vulgar e menos digno, bem como a tornar-se menos orientado pelos outros e mais por si mesmo.

 Certamente que o desenvolver da autoconsciência, a ampliação dos horizontes emocionais e psíquicos, libertar-se do passado negativo e de vícios e aceitar novos desafios existenciais traz uma espécie de aflição, algum sofrimento e é necessário esforço, coragem e disciplina

O despertar da consciência pode trazer certo tipo de sentimento de culpa e remorso  tendo em vista a culpa ancestral e atávica de experiências passadas que causam conflitos de comportamento, de forma que é necessário se arguir de forças e coragem para conseguir atingir o objetivo.

Já foi citado anteriormente aqui no blog sobre o auto-amor e sua importância para o equilíbrio psicológico humano. É importante ressaltar que só se obtém o auto-amor através do autoconhecimento que liberta o ser da negação de si mesmo levando o indivíduo ao encontro consigo mesmo, com suas verdadeiras tendências a fim de por trabalhar e lapidar sua personalidade estreitando o caminho entre o que se é e o que se deseja ser.

Tornar-se consciente é uma das mais belas conquistas do ser humano apesar das dificuldades iniciais e conflitos durante o processo de crescimento pessoal.

É necessário realizar a libertação da acomodação e do hábito de adiar e transferir responsabilidades porque  essas atitudes somente  trazem mais sofrimentos.

 A perda do Si traz o sentimento de vazio existencial, de perda da identidade e  de forças para buscar  objetivos que dêem razão ao existir, causando grande desgaste emocional para o indivíduo. Dessa forma o ser necessita se libertar do automatismo biológico do instinto e partir para a busca da individualização e conscientização.

 A capacidade de raciocínio é uma das mais belas aquisições do do ser imortal que permite ao indivíduo fazer as melhores escolhas para sua vida. Portanto o auto-conhecimento é que liberta o ser humano da ansiedade, culpa, desprezo por si mesmo,perda de sentido, vazio existencial dando-lhe alegria de viver e realização pessoal plena. 

Aqui enumeramos alguns itens como roteiro para o trabalho de desenvolvimento de metas rumo à   busca da auto-consciência

 1- Não se deixar levar pela conturbação da vida, pelos convites fáceis ao sexo sem amor, aos vícios, aos divertimentos com exageros, mudando assim a qualidade de seus relacionamentos para relacionamentos melhores baseados na afinidade, emoções boas, aceitação mútua, etc... É necessário rever e questionar essa necessidade de busca de alegria, de estar em todos os lugares ao mesmo tempo, da busca pelo sexo fácil, festas loucas com excesso de bebidas alcoólicas e drogas. Para tanto se faz necessário resgatar e reafirmar o melhor de si mesmo, dos sentimentos nobres, belos, bons, sinceros e de caráter que certamente todos temos nos recôncavos de nossa alma e que deverão ser trazidos para o consciente  trabalhados e reforçados devidamente e com empenho e coragem;

2-O indivíduo deve saber integrar os conteúdos Anima e Animus ou seja, os seus lados masculino e feminino à sua individualidade.  Diz Jung que o homem é compensado por uma natureza feminina e a mulher por sua vez , por uma natureza masculina. Diz ainda sobre a existência na psique de todo ser, do  inconsciente coletivo  que tem autonomia e  é formado pela   influência social e ancestral, e também onde  as figuras paternas e maternas exercem grande influência, se expressando nas figuras do anima e animus.

A ação do Anima e do Animus sobre o Eu  são bastante poderosas e muitas das vezes o Eu tem caprichos e imposições irracionais por não saber lidar com esses arquétipos em si. O que ocorre nessa situação é que o homem passa a projetar para outrem o conteúdo feminino que não soube integrar em sua própria personalidade assim como a mulher também o faz em relação ao conteúdo masculino que não soube integrar em si. 

Muitas vezes o Eu tem sensação de derrota moral e se comporta de maneira renitente, orgulhosa e obstinada em suas posições, aumentando seu sentimento de inferioridade. Essa situação toda priva a relação humana de base sólida pois não só a megalomania como também o sentimento de inferioridade impossibilitam qualquer reconhecimento das projeções psicológicas que se faz  prejudicando qualquer relacionamento.

Obviamente que existe o ideal de desejar se desfazer as projeções psicológicas causadas pela falta da integração dos conteúdos psicológicos à personalidade humana porém os impositivos são bem fortes a levar os indivíduos à projetar para o outro aquelas características do sexo oposto que não conseguem integrar à própria psique. 

Dessa forma, o Anima e o Animus devem ser reconhecidos e integrados à personalidade de forma harmônica entre inconsciente e consciente a fim de que o Ser não se sinta com dupla personalidade mas sim em equilíbrio entre seu lado masculino e feminino. O repúdio ao lado sexual oposto que existe dentro de cada ser é perigoso para a saúde psicológica e emocional e nesse aspecto, deixar-se levar pelo preconceito individual e social é muito prejudicial.  O indivíduo deve  se auto analisar e se respeitar manifestando de forma saudável as características sentimentais  e emocionais  opostas ao sexo morfológico em que renasceu entendendo que é perfeitamente normal ter sentimentos e emoções nem sempre exclusivas à sexo determinado uma vez que como diz Chico Xavier, o ser humano é bissexual por natureza tendo em vista caminhar rumo à assexualidade angelical.  

É necessário vencer as resistências morais como vaidade, cobiça, presunção, ressentimentos, etc, bem como novamente se vê aqui, a necessidade  de se auto-descobrir e trabalhar o amadurecimento psicológico a fim de que cada vez menos a influência dos pensamentos, ambições, desejos, preconceitos e desejos alheios influenciem o indivíduo.

 3-A verdadeira terapia libertadora só é possível através da atitude corajosa de mergulhar no interior de si mesmo para encontrar a consciência, ou seja, integrar o inconsciente ao consciente através do auto-conhecimento e dessa forma realizar uma análise profunda e sincera das possibilidades que se dispõe e da força que possue e que  precisam ser descobertas, assim como também é necessário descobrir suas verdadeiras tendências e vontades e características pessoais, derrubando as "máscaras" que utiliza por imposição de orgulho próprio e da sociedade em que vive, assim como das influências ancestrais. Isso é um trabalho individual, bem como a força de vontade de se libertar de tudo que seja negativo e que ligue o indivíduo ao passado castrador e conflitivo. 

É preciso coragem para que o indivíduo faça uma introspecção profunda e verdadeira e sem tabus, onde não se deve temer aquilo que não gosta em si mesmo mas sim tentar combater aquilo que é negativo e prejudicial à sua própria felicidade. 

Certamente que é preciso observar em si mesmo as próprias falhas e imperfeições e desejos verdadeiros que muitas vezes não corresponde às expectativas da sociedade em que vive. Não se deve deixar levar pelas expectativas da sociedade e sim pelas reais e verdadeiras tendências e desejos e analisá-los em profundidade para separar o que é negativo e positivo.

Nessa viagem ao interior de si mesmo, o indivíduo necessita relembrar fatos acontecidos no passado, muitas vezes desagradáveis que o marcaram e que podem ter deixado cicatrizes denominadas traumas, e dessa forma analisar os "porquês" de suas ações e reações no mais das vezes não muito positivas e dessa forma procurar entender os próprios sentimentos. Isso leva a uma auto-aceitação e que por sua vez leva à uma melhor aceitação das outras pessoas, num processo de auto-identificação, pois ao observar as outras pessoas, o indivíduo perceberá que os sentimentos, problemas, emoções, etc são muito parecidos. Isso leva automaticamente à cumplicidade com o próximo.  

É necessário o amadurecimento psicológico através de realizações internas e externas contínuas, superando dificuldades e acumulando valores que impulsionem o ser a elevação moral  e espiritual. Para isso é necessário por energia a fim de fazer emergir para o consciente, tudo aquilo que se encontra alojado em seu inconsciente.

Através do poder de raciocínio e reflexão, trazendo suas características nobres, pessoais e potenciais do inconsciente para o consciente, o ser se descobre verdadeiramente como o é bem como tudo o que pode fazer em benefício de seu próprio crescimento pessoal e desenvolvimento de suas potencialidades adormecidas. A perda do contato consigo mesmo é que leva o indivíduo a ser espelho que reflete outras pessoas bem como suas ambições, opções e opiniões. É preciso duvidar e combater a necessidade de esconder os verdadeiros sentimentos e exibir aparências. Há necessidade do enfrentamento dos medos, culpas e não transferir mais isso ou anestesiar no inconsciente.
  
4-Descobrir a finalidade da existência e como alcançar o objetivo de ser feliz, superando os conflitos ou tratando-os vivendo de maneira clara e sem culpa, usufruindo os dons da existência e aperfeiçoando se sempre. Não se pode vivenciar estados vazios, perdendo o endereço da meta, o objetivo entregando-se à ansiedade, estresse e desânimo e desinteresse; o indivíduo deve  descobrir e reforçar sua habilidades e virtudes nobres e procurar sentir prazer na prática de suas atividades e no seu cotidiano, portanto deve conhecer seus dons verdadeiros.  

5-Para se adquirir significado psicológico interior, a fé religiosa, o sentimento de humanidade, o respeito social, procurar ser mais fraterno bem como  à vinculação a um ideal tornam-se estímulos para esse fim. Nem a fé cega, nem a indiferença espiritual;

6- Sendo a vida de efêmera duração e causando dessa forma certa amargura,  a consciência da eternidade da vida humana e da continuidade da vida após a morte, que estão escritas na consciência humana,  auxilia o ser a encarar a vida como uma das experiências existenciais sendo que outras experiências virão sempre dando oportunidades de crescimento e felicidade e isso conforta e da esperanças.

 Por outro lado, todo indivíduo deve  entender que está em uma nova existência de maneira que deve tentar se libertar dos estados conflitivos de existências passadas através do auto-perdão, utilizando como mecanismo o desenvolvimento de suas qualidades morais, intelectuais e espirituais  individuais.
É necessário rever as debilidades de forças morais e espirituais que são resultados de erros de conduta de vidas passadas, libertando-se assim da culpa ancestral.

Da mesma forma  deve o indivíduo se libertar da infância difícil que porventura tenha ocorrido na vida. Para tanto, à consciência de que nada ocorre por acaso, eis que o acaso não existe e que todos os seres estão subordinados à Lei de Causa e Efeito, liberta o ser do sentimento de vitimismo e auto-compaixão  e o leva ao entendimento que está na família e nas condições ideais ao seu desenvolvimento e adiantamento espiritual e moral. Isso predispõe a criatura a aprender a perdoar ao próximo.

Família essa e demais condições de vida que são planejadas ainda na espiritualidade antes da reencarnação do indivíduo e no mais das vezes requisitadas por ele próprio tais experiências de vida  e portanto deve buscar os mecanismos para sua felicidade sozinho e sem criar expectativas em relação às demais criaturas. Ao invés disso, deve entender que cada pessoa dá apenas o que tem para dar e não se deve exigir das pessoas nada além do que são capazes no momento e que cabe a cada ser mudar-se e melhorar-se;

 7-Como já comentado, o processo de auto-identificação traz  momentos de crise, a pessoa experimenta certa angústia e sofrimento tendo em vista o automatismo das paixões sensoriais a que se submete o ser. Por vezes o indivíduo sente que reprova certas atitudes suas, conhece seu lado escuro mas se sente incapaz de evita-las tendo em vista a herança ancestral de vícios e  desmandos de que é portador desde outras épocas, vidas passadas deixando-se arrastar pelas facilidades, ambições, vícios, ilusões e permissões morais que constituem a ordem do dia, bem como a dificuldade de identificação de seus compromissos e metas a seguir. Dessa forma o indivíduo deve aprender a sentir a dor como processo natural da vida sabendo porém que isso passará e resistindo a isso alcançará o crescimento e auto- iluminação.

Dessa forma, se faz  necessário muito esforço, coragem de encontrar a própria consciência, disciplina assim  como o  desejo de se harmonizar e de melhorar os seus sentimentos em relação a si próprio bem como ao seu próximo não se deixando mais naufragar suas aspirações de enobrecimento, de cultura, de beleza e espiritualidade. 

Para esse fim, muitas vezes é necessário também a assistência de profissional da psicologia ou psicoterapia que irá auxiliar o indivíduo na liberação de suas culpas e medos, frustrações e mágoas, dando-lhe incentivo à prosseguir e obter o sucesso desejado no processo da auto-conscientização.

8-A meditação e a prece são também poderosos mecanismos de ajuda para o encontro consigo mesmo, porque levam  à  comunhão com espíritos e entidades elevadas que ajudarão o indivíduo, através de intuições, inspirando o ser a praticar condutas e decisões saudáveis, ajudando-o a reconhecer que tem todo um potencial adormecido à ser desenvolvido e  proporcionando-lhe alívio e bem-estar.

9-Aprender a prestar atenção e analisar os sonhos porque através deles, os conteúdos conflitivos vão sendo eliminados em espécie de catarse e o consciente deve entender esse processo a fim de trabalhar os conflitos eliminados através dos mesmos.
                                                                                                                                                                 

Acredita-se enganosamente que só seres especiais é que podem alcançar à felicidade, a alegria de vencer os conflitos existenciais. Mas isso é ledo engano, porque o vazio existencial não significa a falta de significado interno mas sim valores que Deus deu à toda criatura humana e que estão adormecidos ou ignorados pela preocupação de corresponder à padrões sociais. Todos os seres são capazes de alcançar isso, bastando para tanto desejar fazê-lo bem como direcionar todos os esforços que puder nesse sentido. 

Todos os seres tem condições  de recuperar a finalidade existencial e vencer o vazio. Todos tem a capacidade de vencer os conflitos existenciais através de atitudes nobres e esforços. basta insistir até conseguir. 

Eliane.